7/25/2009

Hungaroring: Susto, medo e outras sensações

Um sábado agitado como há muito não se via na Fórmula-1...

O carro de Felipe Massa após o acidente (Flickr/Autosfera)

- Hoje tudo o que NÃO poderia acontecer aconteceu na Fórmula-1. Os treinos classificatórios para o Grande Prêmio da Hungria transcorriam tranquilamente até que algo estranho aconteceu no final do Q2.

- O novo colocado Felipe Massa apareceu nas imagens de televisão com seu carro cravado de frente na barreira de pneus (de forma similar à Heikki Kovalainen na Espanha ano passado). Mas os replays mostraram algo diferente, o piloto passou reto pela chicane que antecedia a curva e sem exercer nenhuma reação bateu de frente contra a barreira.

- Um drama se seguiu na sequência quando uma ambulância chegou ao local com equipe médica e ele foi levado para o ambulatório do circuito (posteriormente para o hospital). As imagens de TV mostraram que uma peça metálica havia se chocado contra o capacete de Felipe que, provavelmente sem consciência, foi parar na barreira e a terceira parte do treino foi adiada por 15 minutos. Ele foi levado de helicóptero já com informações de que estava consciente.

- O acidente de Felipe foi assustador. A falta de informações, os procedimentos da FIA de não mostrar as imagens, a voz embargada dos que transmitiam o treino, tudo isso foi muito preocupante. A voz de Galvão Bueno dizendo que "eu não queria repetir este momento nunca mais, mas vá com Deus Felipe", lembrando o que já havia sido feito em Ímola/94.

- Foi por muito pouco. A sorte que faltou para Ayrton Senna em 94 (quando um braço de sua suspensão perfurou a viseira de seu capacete) e também para Henry Surtees semana passada (quando um pneu atingiu sua cabeça na F-2) sobrou para Felipe. Claro, ele não saiu ileso e está sendo operado após concussão cerebral, corte profundo na testa e dano num osso do crânio. Sua viseira foi destruída na lateral e o olho esquerdo (que segundo Rubens Barrichello não foi comprometido) foi afetado. A imagem, relativamente forte pode ser vista clicando-se aqui. Não postei diretamente para que ninguém se choque.

- É possível ver no olhar o do piloto o quão ele estava assustado. Rubens Barrichello diz que ele fica desacordado por alguns segundos e bate de frente na barreira. Ele não foi autorizado a chegar perto do Felipe mas pôde ver que ele estava agitado e até mesmo querendo voltar para a pista. O resultado desse momento é que a equipe médica lhe deu um calmante para que ele se tranquilizasse.

- As informações dão conta de que está tudo bem. E aqui, claro, fica a torcida do "Mundo Veloz" para que ele possa se recuperar logo. Amanhã ele não corre, ninguém pode substituí-lo, mas agora a Fórmula-1 entra em férias de cerca de um mês, o que pode ser tempo suficiente para que ele relaxe, descanse e se recupere.

A crono:

- Na sequência o Q3 teve andamento mas com problemas de cronometragem no final da sessão os pilotos, em um misto de preocupação e desorientação, não sabiam sequer quem era o pole. A situação foi resolvida com Alonso na primeira posição com Vettel em segundo e Webber sendo pego de surpresa em terceiro.

- Os pilotos sequer sabiam o tempo que haviam feito e a cena mostrava um bate papo entre Alonso, Vettel, Webber e Hamilton perguntado-se entre si quem teria sido o pole. Bernie Ecclestone apareceu para informá-los de que a posição de honra era de Alonso.

- Um sábado do qual não me lembro nos últimos tempos. O clima era estranho tanto pelo acidente do Felipe quanto pela indefinição quanto à pole. É difícil entender que não se pode ver ninguém comemorando ao final de uma sessão.

Péssimo dia para os brasileiros:

- Rubens Barrichello, além de se envolver indiretamente no acidente de Massa, foi mal, muito mal. Ele parte amanhã da 13ª posição (12º com a ausência confirmada de Felipe Massa), sem passar para o Q3 em uma pista onde as ultrapassagens são praticamente impossíveis.

- Já Nelsinho Piquet além de largar em 15º lugar (14º com a ausência confirmada de Massa) ainda viu seu companheiro de equipe conquistar a pole position. Esse resultado praticamente mina suas chances de continuar na Renault para o restante da temporada pois sua grande reclamação era a falta de um equipamento similar ao do espanhol e de um chefe de equipe que soubesse de alguma coisa. O carro ele teve, mas não conseguiu responder.

7/23/2009

A última mudança em meio à temporada

Você se lembra quando foi a última vez que um piloto substituiu outro em meio à temporada?


- Sebastién Bourdais perdeu seu emprego na Toro Rosso pelo baixo desempenho. O espanhol Jaime Alguersuari, de apenas 19 anos, entrará em seu lugar no próximo domingo no Grande Prêmio da Hungria. Bourdais vai processar a Toro Rosso, Alguersuari está sendo visto com ceticismo por parte de seus "rivais", mas o assunto não é este.

- Trocas de piloto em meio ao campeonato até são comuns na Fórmula-1, mas você se lembra quando foi a última vez que isso aconteceu?

- Foi no Grande Prêmio do Brasil de 2007, quando o austríaco Alexander Wurz se aposentou da Fórmula-1. Sua última prova havia sido o Grande Prêmio da China daquele ano e o japonês Kazuki Nakajima assumiu o cockpit da Williams em seu lugar e assitiu de dentro da pista o finlandês Kimi Raikkonen tornar-se campeão do mundo em São Paulo.

- Pois bem, para quem gosta de histórias de mau agouro, a foto acima (tirada do Blog-F1, de Felipe Maciel, se alguém encontrar o vídeo eu agradeço, rs) mostra uma, digamos, "bobagem" cometida pelo japonês quando entrou nos boxes e, perdendo o ponto de freada, acertou seus mecânicos. Vale lembrar que Alguersuari tem nula rodagem com carros de Fórmula-1 e será cobrado por isso. Alguns pilotos inclusive temem o que ele pode aprontar.

- Em tempo: a temporada de 2008 marcou a primeira vez na história da Fórmula-1 onde não houve uma substituição sequer de pilotos durante o campeonato. Todos os pilotos que largaram no Grande Prêmio da Austrália largaram também no Grande Prêmio do Brasil, exceto Anthony Davidson e Takuma Sato, que deixaram o campeonato junto com a equipe Super Aguri. - Este ano mais um piloto pode perder seu lugra que é o brasileiro Nelsinho Piquet, que aos poucos admite que a situação é real.

7/22/2009

A ligação de Brawn e Barrichello

Como andaria a ligação entre os dois?

Barrichello e Brawn (Foto: Peter Steffen/EFE)

- Barrichello é um nome que provavelmente não sai da cabeça de Ross Brawn. Tanto que o dirigente ao montar sua própria equipe não abriu mão do brasileiro pois precisaria de alguém experiente para desenvolver o carro e toda aquela história que já foi dita por aí.

- Mas ele não contava em passar por alguns problemas recorrentes com o brasileiro. Mais uma vez Barrichello perde para seu companheiro de equipe com Ross como seu superior e o inglês se vê obrigado a dar preferência ao "rival" de Rubens.

- Pois bem... e após a última confusão, onde Rubens afirmou que não queria ouvir mais o "blábláblá" da equipe o clima ficou pesado. Ross Brawn por sua vez deciciu ligar para seu piloto para amenizar a situação e reafirmar seu compromisso com ele.

- Já que é para reafirmar o compromisso eu espero que Barrichello tenha feito o mesmo. Espero que Ross Brawn tenha dito que em situações de pista favoráveis o momento é de beneficiar mesmo o inglês Jenson Button e que Rubens por sua vez tenha dito que entende (e entenda mesmo).

- Ninguém gosta de perder, mas é preciso aceitar as regras do jogo. No embate direto com Button, Barrichello praticamente já perdeu. Ou aceita as regras e continua na equipe no ano que vem (algo que vem se tornando cada vez mais difícil) com a chance de ainda ter um carro vencedor ou não aceita e vai para uma equipe menor (isso se não deixar a categoria).

- É hora de fazer uma escolha, se mantém a ligação ou não.

7/21/2009

Coluna: Os personagens morrem também?

Couna "Mundo Veloz" trata ainda de Henry Surtees e as consequências de um momento como esse...


- A coluna "Mundo Veloz", disponível todas as terças na "F1 Mania" (com algumas falhas, é verdade) trata hoje do assunto Henry Surtees e minha visão sobre os personagens que nos envolvem na vida. E como pilotos também são personagens ele está presente.

- Como é o nosso tratamento e a visão dessas pessoas? Você já parou para pensar nisso? Pois bem, eu já...

- Clique aqui e acesse a coluna "Mundo Veloz" de hoje. E comente, caso queira.

7/20/2009

A Truck de forma diferente...

Ontem vivi um domingo diferente em Interlagos... F-Truck com a Volkswagen...

Foto by: Danilo Ferreira www.autozine.com.br

- Faz um tempo que eu não ia à um autódromo sem estar na sala de imprensa. Vou além. A F-Truck é algo que nunca me fez a cabeça e mexeu com minha empolgação. Tendo liberdade de escolher os assuntos que eu abordo em todos os lugares que passei e, claro, também aqui no "Mundo Veloz", nunca havia ido assistir uma prova da categoria.

- Fui mais além ainda quando semana passada cheguei a escrever no Twitter a frase "aos que estão me perguntando se vou na F-Truck a resposta é não." Pois é... eis que dois dias depois recebo um convite de Fernanda Quintão, da Volkswagen Caminhões e Ônibus para o evento, onde tive a oportunidade de ficar na ala reservada à montadora. É, acabei aceitando.

- Foi um domingo de corrida divertido. Primeiro uma volta em Interlagos à bordo de um Constellation, o enorme e confortável caminhão da Volks. Uma volta, sem correria mas com um diferencial interessantíssimo que foi andar no sentido contrário da pista. Sim, descemos do Café até a Junção, subimos o Mergulho, passamos Bico de Pato, Pinheirinho, Laranjinha (que ficou uma curva ainda mais cega), descemos até a Reta Oposta e subimos Curva do Sol e "S" do Senna.

- Na sequência a Top Race, com oa argentinos mais Cacá Bueno e Jacques Villeuneve em um protótipo parecido com o nosso Stock Car antigo (atualmente na Stock Light) e bolhas não muito belas. A corrida foi vencida por Juan Manuel Silva. Cacá Bueno foi o sétimo e Jacques Villeneuve abandonou (para tristeza de alguns presentes). Os argentinos por sinal não devem ter gostado muito do traçado de Interlagos pois muitos andaram mais fora da pista do que dentro dela.

- Na Truck resolvemos deixar a ala vip e partimos para outros locais menos ortodoxos e mais divertidos, como a parte de dentro do "S" do Senna, onde vimos (em boa parte da prova com um bom telão atrás de nós) o domínio de Roberval Andrade, que não foi incomodado um instante sequer por seus rivais. Alí é um ótimo local para se acompanhar as várias disputas durante a prova pois é o grande ponto de ultrapassagem do circuito.

- Mais que isso, pude acompanhar as provas com ótimas companhias, como Anderson Costa, Babi Franzin, Thiago Raposo, Danilo Ferreira, Karol Stutz e Jorge Pezzolo. Um domingo diferente para quem está acostumado à falta de conforto das salas de imprensa.

- Fica aqui o agradecimento aos amigos que estiveram conosco neste ótimo domingo e também à Volkswagen Caminhões e Ônibus pelo convite.

- Acompanhe as fotos de Danilo e Babi:


Fotos Danilo: Aqui e aqui

Fotos Babi: Aqui

A morte no automobilismo

Henry Surtees... filho do campeão, pole da prova em que corria na F-2 perde a vida de bobeira...



- Como é estranho. O automobilismo ao longo dos anos fez as suas muitas vítimas. Decorrência de acidentes com veículos a mais de 200 por hora pilotos, fiscais de pista, espectadores, muitos perderam a vida durante treinos ou corrida.

- O estranho de tudo isso é imaginar que, embora seja trabalho para muitos, para a imensa maioria o automobilismo é entretenimento. E mesmo entre aqueles que fazem do automobilismo o seu ganha-pão, uma boa parcela dessa camada resolveu seguir este caminho por pura opção devido ao amor que sentem pelo esporte a motor.

- E é uma forma de entretenimento muitas vezes perigosa e complicada. Misturar diversão com o perigo não é uma grande novidade (vejamos os esportes radicais, muitos mais perigosos que automobilismo), mas quando chega o momento das inevitáveis fatalidades, que vira e mexe acontecem, a realidade se torna muito dura e nos dá um banho de água gelada por nos mostrar que há uma linha tênue entre diversão e pânico.


- Me lembro do contato mais próximo com a morte que eu tive no trabalho, que foi justamente no automobilismo. Era 9 de dezembro de 2007, decisão da Stock Car Light em Interlagos, quando após bater contra a proteção de pneus e voltar pra pista o paranaense Rafael Sperafico foi acertado em sua lateral por Renato Russo.

- Os momentos seguintes, antes da confirmação de que o piloto falecera, foram muito complicados. Um estranho sentimento tomou conta de todos os presentes e o clima de constante alegria e agitação se transformou em apreensão. Na sequência todos conhecemos o real significado da expressão "o silêncio que fala".

- Pois bem... e mesmo depois de ter vivido esse momento ainda tenho dificuldades de encarar notícias de morte no automobilismo. É possível hoje para mim imaginar como as pessoas que estavam em Brands Hatch voltaram para suas casas após a confirmação da morte de Henry Surtees. Em silêncio... refletindo sobre a própria vida... pensando que por alguns centímetros ele poderia ter escapado (é quase sempre assim no automobilismo)... será que essa pessoas sonharão com o que aconteceu assim como eu mesmo sonhei?

- Não é suficiente desejar sentimentos à família de Surtees (embora, é claro, todos o façam) pois uma perda nesse nível não pode ser reparada. Um momento como esse também é difícil de se esquecer.

- Acompanhe a história em mais detalhes no blog do colega "Speeder" de onde eu também tirei o vídeo, basta clicar aqui.